O Interface
Eu creio que o interface computador/utilizador é o principal "culpado" pela falta de adesão, por parte dos arquitectos, às novas tecnologias.
Já escrevi sobre isso aqui e aqui
Geralmente, quando falo da questão do interface a outros arquitectos, olham para mim de lado, como se eu não tivesse consciência dos problemas reais que a profissão enfrenta.
Aliás basta ver o que preocupa a Ordem, dando uma pulada ao programa do 11.º Congresso dos Arquitectos Portugueses, para ver que as questões da tecnologia de produção de projectos está totalmente ausente.
Curiosamente, se formos à AIA (American Institute of Architects) podemos ver que esses levam esta questão muito a sério.
Inclusivé já me dei ao trabalho de falar com responsáveis da Graphisoft (os fazedores do Archicad) sobre as questões relacionadas com o interface, e eles simplesmente me perguntaram "Há mercado para isso?".
Boa pergunta. Sei lá!
O que eu sei é que compete a nós, arquitectos, exigir dos criadores de software soluções de interface mais adequadas, porque o rato e o teclado claramente não o são.
E para aqueles que ainda acham que eu sou um sonhador, vão ver o que estes senhores andam a fazer.
E já agora, vejam isto.
6 comentários:
Ver, por exemplo, os interfaces no filme "Relatório Minoritário", de S. Spielberg. Davam uns bons estiradores "virtuais"...
Por acaso não concordo.
Os paineis publicitários ubíquos,a "parede" ecrã e o pacote de cereais animado desse filme estão já bastante perto da realidade.
Assim que houver ecrãs de polímeros (e não cristais líquidos) produzidos em massa, o preço destes será tão baixo que irão generalizar-se da mesma maneira que as impressões coloridas se generalizaram.
Mas o interface da parede ecrã, onde o Cruise edita filmes, é muito pouco realista: imagine-se a executar movimentos amplos de braços o dia todo. Fica bem no filme, mas não vai acontecer.
Penso que foi o professor que tentou implementar o uso das mesas digitalizadoras na escola, no entanto, poucos ou mesmo nenhuns foram os alunos a aderir a um interface diferente do usual rato. Como se sabe o ser humano nao aprecia mudanças, percebendo tarde a qualidade de um determinado sistema ou produto. No meu caso por vezes sinto que o pulso se começa a queixar após algumas horas de trabalho. Se calhar pessoas como eu, mais tarde ou mais cedo irão abandonar o rato. Mas consegue idealizar algo ainda melhor em termos de rapidez e ergonomia?
Um parentesis para que se entenda que quando falei de algo ainda melhor, referia-me em relação às mesas digitalizadoras.
N.P.
Todas as mudanças têm que se processar de dentro para fora. O fracasso da utilização da caneta nas aulas é disso bom exemplo.
Apenas mudamos quando sentimos a necessidade, e raramente quando nos impõem.
Com o tempo, a maioria dos utilizadores intensivos de programas de modelação chegam à conclusão que o rato lhes dá cabo do pulso
Infelizmente, quando se aprecebem disso, já é tarde demais.
http://archicad-talk.graphisoft.com/viewtopic.php?t=5134&postdays=0&postorder=asc&highlight=pen+mightier+mouse&&start=0
Quanto à rapidez e ergonomia: Um dos processos de interface que me parece mais apto a ser utilizado no futuro por arquitectos parece-me ser o leitor de movimento das pupilas, aliado aos comandos de voz. Esta tecnologia já existe há vários anos, devidamente testada. Básicamente reconhece para que zona do ecrâ estamos a olhar, e depois permite emitir comandos subvocalizados (sem som).
Poucas coisas serão mais naturais e rápidas do que olhar e falar.
Parece-me que um interface demasiado imediato pode negar uma importante fase criativa. Quando se tenta passar a ideia inicial para algum suporte visualizável, a ideia vai mudando e vão surgindo novas ideias e soluções (e problemas também) conforma se tenta desenhar, ou modelar, ou construir o modelo visual da coisa.
Proponho que o interface ideal deixe sempre espaço para uma fase de intrepretação do conceito inicial, e não seja por exemplo uma solução em que se liga o cérebro directamente a um ecrã.
O leitor de movimentos de pupila e os comandos de voz parecem-me uma boa solução, contando que se tenha sempre à mão um pacotinho de pastilhas Bimil.
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