2006/11/06

O Interface


Eu creio que o interface computador/utilizador é o principal "culpado" pela falta de adesão, por parte dos arquitectos, às novas tecnologias.

Já escrevi sobre isso aqui e aqui

Geralmente, quando falo da questão do interface a outros arquitectos, olham para mim de lado, como se eu não tivesse consciência dos problemas reais que a profissão enfrenta.

Aliás basta ver o que preocupa a Ordem, dando uma pulada ao programa do 11.º Congresso dos Arquitectos Portugueses, para ver que as questões da tecnologia de produção de projectos está totalmente ausente.

Curiosamente, se formos à AIA (American Institute of Architects) podemos ver que esses levam esta questão muito a sério.

Inclusivé já me dei ao trabalho de falar com responsáveis da Graphisoft (os fazedores do Archicad) sobre as questões relacionadas com o interface, e eles simplesmente me perguntaram "Há mercado para isso?".

Boa pergunta. Sei lá!

O que eu sei é que compete a nós, arquitectos, exigir dos criadores de software soluções de interface mais adequadas, porque o rato e o teclado claramente não o são.

E para aqueles que ainda acham que eu sou um sonhador, vão ver o que estes senhores andam a fazer.

E já agora, vejam isto.

6 comentários:

Anónimo disse...

Ver, por exemplo, os interfaces no filme "Relatório Minoritário", de S. Spielberg. Davam uns bons estiradores "virtuais"...

Miguel Krippahl disse...

Por acaso não concordo.
Os paineis publicitários ubíquos,a "parede" ecrã e o pacote de cereais animado desse filme estão já bastante perto da realidade.
Assim que houver ecrãs de polímeros (e não cristais líquidos) produzidos em massa, o preço destes será tão baixo que irão generalizar-se da mesma maneira que as impressões coloridas se generalizaram.
Mas o interface da parede ecrã, onde o Cruise edita filmes, é muito pouco realista: imagine-se a executar movimentos amplos de braços o dia todo. Fica bem no filme, mas não vai acontecer.

N.P. disse...

Penso que foi o professor que tentou implementar o uso das mesas digitalizadoras na escola, no entanto, poucos ou mesmo nenhuns foram os alunos a aderir a um interface diferente do usual rato. Como se sabe o ser humano nao aprecia mudanças, percebendo tarde a qualidade de um determinado sistema ou produto. No meu caso por vezes sinto que o pulso se começa a queixar após algumas horas de trabalho. Se calhar pessoas como eu, mais tarde ou mais cedo irão abandonar o rato. Mas consegue idealizar algo ainda melhor em termos de rapidez e ergonomia?

N.P. disse...

Um parentesis para que se entenda que quando falei de algo ainda melhor, referia-me em relação às mesas digitalizadoras.

Miguel Krippahl disse...

N.P.
Todas as mudanças têm que se processar de dentro para fora. O fracasso da utilização da caneta nas aulas é disso bom exemplo.

Apenas mudamos quando sentimos a necessidade, e raramente quando nos impõem.

Com o tempo, a maioria dos utilizadores intensivos de programas de modelação chegam à conclusão que o rato lhes dá cabo do pulso
Infelizmente, quando se aprecebem disso, já é tarde demais.
http://archicad-talk.graphisoft.com/viewtopic.php?t=5134&postdays=0&postorder=asc&highlight=pen+mightier+mouse&&start=0

Quanto à rapidez e ergonomia: Um dos processos de interface que me parece mais apto a ser utilizado no futuro por arquitectos parece-me ser o leitor de movimento das pupilas, aliado aos comandos de voz. Esta tecnologia já existe há vários anos, devidamente testada. Básicamente reconhece para que zona do ecrâ estamos a olhar, e depois permite emitir comandos subvocalizados (sem som).
Poucas coisas serão mais naturais e rápidas do que olhar e falar.

Krippmeister disse...

Parece-me que um interface demasiado imediato pode negar uma importante fase criativa. Quando se tenta passar a ideia inicial para algum suporte visualizável, a ideia vai mudando e vão surgindo novas ideias e soluções (e problemas também) conforma se tenta desenhar, ou modelar, ou construir o modelo visual da coisa.
Proponho que o interface ideal deixe sempre espaço para uma fase de intrepretação do conceito inicial, e não seja por exemplo uma solução em que se liga o cérebro directamente a um ecrã.

O leitor de movimentos de pupila e os comandos de voz parecem-me uma boa solução, contando que se tenha sempre à mão um pacotinho de pastilhas Bimil.