2006/07/18

Manifesto Anti-CAD


MANIFESTO ANTI-C.A.D. - ALMADA NEGREIROS (sabujamente adaptado por Miguel Krippahl)

Uma geração, que consente deixar-se representar por um C.A.D. é uma geração que nunca o foi! É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Morra o C.A.D., morra! - B.I.M.!

Uma geração com um C.A.D. a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com um C.A.D. à prôa é uma canoa em seco!

O C.A.D. é um cigano!

O C.A.D. é meio cigano!

O C.A.D. é habilidoso!

O C.A.D. veste-se mal!

O C.A.D. usa ceroulas de malha!

O C.A.D. especula e inócula os concubinos!

O C.A.D. é C.A.D.!

Morra o C.A.D., morra! - B.I.M.!

E o C.A.D. teve cláque! E o C.A.D. teve palmas! E o C.A.D. agradeceu!

O C.A.D. é um ciganão!

Não é preciso ir para o Rossio p'ra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se p'ra se ser salteador, basta escrever como o C.A.D.! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar côco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser C.A.D.!

Morra o C.A.D., morra! - B.I.M.!

O C.A.D. nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!

O C.A.D. é um autómato que deita p'ra fóra o que a gente já sabe que vai sair... mas é preciso deitar dinheiro!

O C.A.D. é um soneto d'elle-próprio!

O C.A.D. em génio nem chega a pólvora seca e em talento é B.I.M.-pam-pum!

O C.A.D. nú é horroroso!

O C.A.D. cheira mal da boca!

Morra o C.A.D., morra! - B.I.M.!

O C.A.D. é o escárneo da consciência! Se o C.A.D. é português eu quero ser espanhol!

O C.A.D. é a vergonha da intelectualidade portuguesa! O C.A.D. é a meta da decadência mental!

E ainda há quem não córe quando diz admirar o C.A.D.!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a roupa!

E quem tem dó do C.A.D.!

E ainda há quem duvide de que o C.A.D. não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

E fique sabendo o C.A.D. que se todos fossem como eu haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.

Morra o C.A.D., morra! - B.I.M.!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa e de todo o mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus!

O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Morra o C.A.D.! Morra! - B.I.M.!