2006/08/16

Então e o desenho automático?

Desde a entrada da toda poderosa Autodesk no mercado do edifício virtual, circa 2000, com a aquisição e subsequente publicitação do Revit, temos vindo a assistir, principalmente nos EUA, a uma enorme mediatização do conceito BIM (Building Information Modeling).

Convém mencionar aqui que, muito antes dos donos do AutoCad se meterem nestas aventuras, já outros desenvolviam, há muitos anos, este conceito.

Tanto a Bentley, com a sua Microstation, como a Graphisoft, com o ArchiCAD, têm defendido o uso de uma base de dados tridimensional como método de trabalho.


Quando estes últimos fabricantes de software viram o colosso americano entrar no seu mercado, com a subtileza de um elefante com cio numa loja de porcelanas, não tiveram outro remédio senão ir na onda, proclamando bem alto (para quem os quisesse ouvir) que o Revit não era a invenção da roda, mas apenas mais uma versão daquilo que eles vêm vendendo há anos.

Vejam, por exemplo, o que dizem sobre este assunto a Bentley e a Graphisoft.

Com todo este barulho sobre o modelo de informação integrado, donde se pode extrair todo o tipo de informação, quer para efeitos de testagem (acústica, térmica, iluminação, etc.), quer para obra (listagem automática de componentes), quer para a vida útil do edifício (utilização do modelo para a gestão do equipamento), aparentemente esqueceram-se de uma coisa: A automatização das peças desenhadas de um projecto.

Os fabricantes e gurus do BIM tentam menorizar a produção automática dos desenhos, em detrimento de toda a restante informação numérica embebida no modelo tridimensional.

Mas, honestamente, o que levou a maioria dos BIMbos a adoptar o Revit/Microstation/ArchiCAD? A automatização dos desenhos.

Bem sei que a automatização de todos os desenhos (plantas, cortes, alçados, pormenores, 3D), sem retoques em 2D, é uma quimera. Não conheço nenhum software que permita fazê-lo. Mesmo uma semi-automatização, a 95%, exige um enorme esforço de método, disciplina e capacidade de modelação.

Mas isso não é razão para os fabricantes desistirem!

Basta ver a nova versão do Revit, a 9 (já agora, nove versões em seis anos? Bolas...), onde se dá tanta importância à integração de pormenores 2D no modelo tridimensional, para compreender que os fabricantes fogem da geração automática de desenhos.

Para mim, estão a matar a galinha dos ovos de ouro.

Excepto para os grandes (enormes segundo o standard português) projectos, a característica que interessa mais aos BIMbos é a produção automática de desenhos, sem erros, e a sua actualização automática sempre que se mexe no modelo 3D.

Senão, qualquer dia, lá terei que contratar um desenhador (ou um estagiário de arquitectura, que sempre é mais barato...).


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